SEGUIDORES

domingo, 27 de outubro de 2013

.Especialistas continuam divididos sobre Acordo Ortográfico


Os especialistas continuam divididos sobre a utilidade do novo Acordo Ortográfico, uns criticando a "inércia política" que explica a demora na aplicação, outros acreditando que esta acabará por não acontecer.
Em declarações à agência Lusa, a propósito da segunda conferência sobre o futuro da língua portuguesa, que se realiza na terça e quarta-feira, na Reitoria da Universidade de Lisboa, o linguista Malaca Casteleiro atribui à "inércia política" à demora na aplicação do Acordo Ortográfico (AO) aprovado em 1990.
"O acordo tem duas componentes, uma é linguística e a outra é política, e a componente política falhou, porque não houve vontade de levar o AO por diante, houve desinteresse, não houve empenhamento, em todos os países", critica.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

.Escreve-se Passa-Quatro ou Passa Quatro? (Cidade de Minas Gerais, Brasil)

Imagem (encontrada AQUI) de Passa Quatro, município da Microrregião de São Lourenço, no estado de Minas Gerais, no Brasil, com cerca de 16 000 habitantes. 
Em relação à hifenização dos topónimos, o Novo Acordo Ortográfico nada altera e mantém o que era determinado pelo AO45 (Portugal) e pelo Formulário de Ortográfico de 1943 (Brasil):
Emprega-se o hífen nos topónimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: (…) Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes;” (AO90, nº2 da Base XV).
Nota: Além dos casos acima apresentados, há duas exceções em que também devemos usar o hífen: Guiné-Bissau e Timor-Leste.
 
CONCLUSÃO:
A grafia correta é apenas uma: Passa-Quatro
Obs.:
1. O mesmo se aplica a Santa Rita do Passa-Quatro e S. Miguel do Passa-Quatro (cidades brasileiras)
2. São poucos os topónimos portugueses em que empregamos forma verbal. A freguesia de Mira-Sintra e a rua de Quebra-Costas (em Coimbra) são dois exemplos.
Abraço.
AP
Respondendo à questão deixada na caixa de comentários, parece que o nome Passa-Quatro remonta ao século XVII e “diz respeito às indicações deixadas pelos bandeirantes que diziam: Vai, do rio Paraíba do Sul, verás ao teu nome uma grande cordilheira, a Mantiqueira. E ao encontrares nela uma garganta profunda, é o Embaú, a única passagem tranquila para o Sertão das Gerais, então galga a serra e Passa Quatro vezes o rio que se escorrega por um verde espaçoso vale.
 
 
 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

.Os falsos argumentos de direito contra o Acordo Ortográfico - Fernando Guerra (jurista)

 Antes do Formulário Ortográfico  de 1911 era assim...
 (Imagem encontrada AQUI)
 
No contexto das audições parlamentares do Grupo de Trabalho para Acompanhamento da Aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República Portuguesa, o jurista Fernando Guerra apresentou, em 4 de abril de 2013, o documento que aqui se disponibiliza.

Entre os argumentos contrários à nova ortografia da língua portuguesa e aos atos de direito internacional que a estabelecem, alguns afirmam-se de natureza jurídica. Passaremos a analisá-los, tanto quanto é possível entendê-los como argumentos jurídicos. Explicarei: as afirmações que pretendem considerar a nova ortografia juridicamente inválida porque atentaria contra «a marca identitária do povo», ou porque seria «indiferente aos argumentos da diversidade, da etimologia, da sonoridade e da estética da língua reiteradamente brandidos pelos seus opositores», podem servir para alindar poemas a enviar a jogos florais de aldeia, mas dificilmente serão consideradas argumentos jurídicos. O mesmo se dirá da ideia criativa segundo a qual a ortografia não poder ser modificada porque tal seria rever a Constituição da República, revisão impossível pois que atentaria contra os limites materiais impostos ao legislador constitucional, nomeadamente «o princípio da identidade nacional e cultural e o núcleo essencial de vários direitos, liberdade e garantias». Estranhas, peregrinas teorias de juristas com alma de poetas, só idênticas às de um conhecido poeta, jurista de formação, que, no meio da artilharia de petardos que diariamente desfere contra a nova ortografia, apontou ontem como atentado à memória do padre António Vieira a edição das obras do pensador que aplica a nova ortografia. Por que não aplicar a ortografia do tempo em que o Padre António Vieira escreveu? E os sonetos de Shakespeare, traduzidos para português pelo conhecido poeta, seguem a norma ortográfica do século XVI? E o Hino Nacional, deverá o poema sempre ser transcrito com recurso à ortografia de 1910 para que não se ofenda a identidade nacional? Será violar a Constituição reproduzir o artigo 112.° da lei fundamental escrevendo “Atos normativos” em vez de “Actos normativos”? Pergunte-se ao Tribunal Constitucional. Quanto a violações da Constituição, temos pano para mangas: peça-se urgência na resposta; que seja dada antes do termo do período de transição previsto até à plena aplicação do AO.

sábado, 12 de outubro de 2013

Consoantes mudas: SIM ou NÃO? O desacordo vem do séc. XVI…


Determinando a eliminação das consoantes mudas (c e p), a Base IV do Novo Acordo Ortográfico é lenha para a fogueira em que se transformou a troca de argumentos a favor e contra as novas regras.
 
Questão atual? Puro engano! A polémica vem de longe...
 
Transcrevo, com a devida vénia, um extrato do Relatório de Atividades da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República Portuguesa (páginas 9 e 10), elaborado em 30 de julho de 2013:

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE REFORMA ORTOGRÁFICA
As reflexões sobre a ortografia portuguesa são muito antigas e sempre se digladiaram os defensores do critério etimológico com os do critério fonético. Como não havia uma ortografia oficial da língua portuguesa até ao século XIX, cada pessoa escrevia segundo a sua lógica e a moda dominante dependia, em grande medida, do prestígio do escritor em voga no momento.
Sem se pretender uma análise exaustiva desta matéria, referiremos apenas alguns exemplos para captarmos algumas das etapas que conduziram à elaboração do acordo ortográfico.
No português medieval não havia uma ortografia pré-definida, predominando o critério fonético, mas a partir do século XVI prevaleceu o critério etimológico. Todavia, houve quem não o aceitasse. Jerónimo Cardoso, considerado o primeiro dicionarista português, excluiu do alfabeto o h e o k. Na mesma linha, João de Barros, na sua Gramática da Língua Portuguesa, publicada em 1540, defendeu o critério fonético face ao etimológico, eliminando o que chamava de consoantes ociosas. Nenhum dos dois usa o c mudo em muitas palavras. Posição semelhante foi assumida por Joam Franco Barretto, em 1671, na Ortografia da Língua Portuguesa e por Bento Pereira, Regras Gerays, Breves, & Comprehensivas da Melhor Ortografia, em 1666.
Orientação diferente foi sustentada por Pedro de Magalhães Gandavo, Regras que Ensinam a Maneira de Escrever e a Orthographia da Língua Portuguesa, 1574, e por Alvaro Ferreira de Véra, em Ortografia ou modo de escrever certo na língua portuguesa, 1631, defensores do conhecimento do latim como suporte para uma escrita sem erros.
O século XVIII trouxe novas achegas a esta problemática com Luís António Verney, no Verdadeiro Método de Estudar, para Ser Util à República e à Igreja, 1746. Com ele, a simplificação da língua servia para acabar com o analfabetismo, para aprofundar o que podemos chamar de democratização cultural e possibilitar que Portugal acompanhasse o progresso científico e entrasse na modernidade. O critério etimológico devia ser substituído pelo fonético, com regras ortográficas mais realistas e criteriosas.
As letras mudas deviam ser eliminadas, como era é o caso da letra s inicial em scena (cena), ou do c em acto (ato) e do h de homem. Os critérios que ele elaborou não deixaram de ser contestados, tendo como grande opositor o jesuíta José de Araújo, sob o pseudônimo de Frei Arsenio da Piedade, que deu à estampa as Reflexoens Apologeticas, 1748, criticando todas as cartas de Verney. Este, por seu turno, replicou com Respostas as Reflexoens.
Na sequência deste debate, que envolveu vários sectores da sociedade, houve uma tentativa de estabilização da língua portuguesa através da publicação do primeiro volume do Dicionário da Academia da Língua Portuguesa relativo à letra a, no ano de 1793, mas sem qualquer desenvolvimento posterior.
Nota: Destaques a cor introduzidos por mim.
 
Abraços.
AP


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Hospital de Santiago em Setúbal de parabéns pelo atendimento!


Hoje, o assunto que aqui me traz nada tem a ver com a língua portuguesa em geral nem com o AO em particular.
Pela idade que etiqueta a minha existência, o meu médico entendeu que eu deveria ser sujeito a uma colonoscopia total (só o nome assusta…).
Depois de três dias de preparação morosa (dieta muita restritiva, laxantes e preparado a tomar na véspera), desloquei-me hoje ao Hospital de Santiago (Estrada Nacional 10, mesmo de antes de entrar em Setúbal) para o exame (com sedação).
O nervosismo pela situação e a preocupação com o resultado diluíram-se progressivamente graças à forma gentil como fui tratado pelos funcionários e a simpatia e carinho da médica que ficou a conhecer-me por fora e… por dentro. Após o exame, foi-me servido um chá e bolachas. Em tempos de crise, com a degradação acentuada das condições de trabalho e dos salários, ainda é mais reconfortante ser tratado assim. O meu obrigado a todos os profissionais que hoje, no Hospital de Santiago, me trataram com tanta dedicação e respeito.

António Pereira
Nota: Este hospital é privado, mas tem acordo com a ADSE, pelo que paguei cerca de 50€.