SEGUIDORES

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

500 000 visitantes!

Imagem encontrada AQUI.
.
Um agradecimento muito especial ao meio milhão de visitantes deste meu espaço que também é vosso!
61,5% dos leitores chegam do Brasil, seguindo-se na lista Portugal, Estados Unidos e Angola.
Tem sido acidentado o percurso do AO. O meu olhar sobre as novas regras ajustou-se ao longo destes três anos. O conhecimento detalhado do texto (e respetiva nota explicativa) e a leitura de muitas opiniões (a favor, contra e assim-assim) têm-me levado a adotar uma posição mais crítica, embora não seja contra o AO90 nem defenda a sua revogação.
Tenho dúvidas em relação à prometida criação de uma única norma para a regulamentação da língua, sobretudo pelas muitas diferenças que subsistem entre Portugal e Brasil. Terá havido uma aproximação entre as normas luso-africana e brasileira, mas não há (nem poderá haver) uma unificação.
Quanto à simplificação, foi conseguida parcialmente, mas:
a)      Com um trabalho mais rigoroso, ter-se-iam evitado exceções sem sentido. Tem lógica ter sido abolido o acento da forma verbal para e mantê-lo no infinitivo pôr?
b)      O mesmo se pode dizer em relação a locuções como cor-de-rosa (trapalhada que já vem do AO45), que manteve os hífenes por ser considerada uma das exceções “consagradas pelo uso”. Fraca justificação…
c)       Nalguns casos (infelizes!) a simplificação deu lugar à complicação. Portugal e Brasil, à revelia do texto oficial, decidiram (em casos pontuais, mas significativos) divergir na interpretação.
Exemplo 1 – Andou mal Portugal quando decidiu que as exceções referidas no ponto anterior também poderiam deixar de o ser. Assim, o Portal da Língua Portuguesa considera aceitável cor-de-rosa e cor de rosa, pé-de-meia e pé de meia, etc. Para a Academia Brasileira de Letras, apenas é válida a grafia com hífen.
Exemplo 2 – Abusou a Academia Brasileira quando, em relação ao prefixo co-, ignorou a regra que determina que deve haver hífen antes de h e optou pela aglutinação em todas as situações. Assim, em Portugal é co-herdeiro, mas no Brasil escreve-se coerdeiro. Lindo serviço! Nada mal, considerando que se queria unificar…
Os meus amigos e colegas professores são quase todos contra o AO90 (mais por razões emotivas do que por motivos objetivos e técnicos) e não compreendem a minha "neutralidade".
Além da virtude de ter posto a língua portuguesa na ordem do dia, para mim, o mais positivo no AO é a sistematização das regras do hífen. Embora, como vimos, possa (e deva!) haver ajustamentos, as alterações introduzidas permitem resolver algumas omissões/incongruências das regras do AO45 (FO 43 no Brasil). Por exemplo, escrevíamos auto-observação a par de microondas. Com a regra que determina que se usa hífen quando o primeiro elemento termina em vogal igual à que inicia o segundo elemento, deixou de haver discrepância nos exemplos apresentados. Seria perfeito, não fosse co- uma exceção…
Abraço a todos!
António Pereira

sábado, 7 de setembro de 2013

.Mudanças nas regras do hífen são um atraso de vida, diz a professora Darcília Simões (parte 2)…

Imagem encontrada AQUI.
 
1. Há dois dias, divulguei no blogue (AQUI), a opinião da Professora Darcília Simões. No comentário que fiz, discordei da ideia de que as regras do hífen se complicaram com o Novo Acordo Ortográfico.
2. Ontem, veio a resposta da Professora Darcília, publicada no seu blogue:
"Respeitável colega,
Opiniões são resultado de experiência, logo, se a sua é diferente da minha entende-se que nossas experiências pedagógicas têm trazido resultados distintos.
Não avaliei trabalho de ninguém. Falei o que penso. Logo, obrigada por manifestar sua opinião, mas afirmo que em nada altera a minha. Bom dia.
Muito obrigada.
"
3. Ontem ainda, deixei a resposta à reação ao comentário inicial:
"Cara colega:
Em relação às opiniões, estou totalmente de acordo com o que diz: são moldadas pelo percurso de cada um. No entanto, em relação aos factos, não é bem assim. Gostava que provasse, com exemplos elucidativos, que o AO90 tornou menos claras as regras do hífen em comparação com o que estipula o Formulário Ortográfico de 1943.
Claro que nada a obriga a fazê-lo, mas seria uma forma objetiva de trocar argumentos.
Espero que não fique incomodada por voltar ao assunto. Se preferir que não volte a deixar comentários, deixarei de o fazer.
Cumprimentos desde Lisboa.
António Pereira
"
4. Havendo mais desenvolvimentos, partilhá-los-ei neste espaço.
 
Abraço e bom fim de semana para todos os leitores!
António Pereira
 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

.Mudanças nas regras do hífen são um atraso de vida, diz a professora Darcília Simões…

Imagem encontrada AQUI.
 
Um acordo desnecessário e complicado. É assim que a professora de língua portuguesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Darcília Simões, descreve o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Um dos principais problemas criados pelo novo acordo, segundo a professora, foi a mudança das regras de uso do hífen. Para ela, essa foi a regra, justamente na qual 'eles complicaram tudo', já que tiraram alguns que existiam e criaram outros que não havia.
'Hoje em dia, ninguém mais sabe usar hífen. Do ponto de vista prático do usuário, essa reforma foi um problema. Isso está criando um atraso de vida no ambiente do falante comum e pior ficou para quem dá aula de língua portuguesa'.
Darcília diz que o novo acordo teve motivações políticas e econômicas, em vez de ter como objetivo facilitar a vida do usuário da língua. Para ele, o que houve foi um confronto de força entre Brasil e Portugal, 'cada um dizendo eu quero que você escreva como eu'.
'No final das contas, fizeram os acertos para dar nisso que deu. Há também as forças econômicas, porque você sabe que as editoras vão ganhar sempre com a republicação das obras segundo o novo acordo', lembrou.
De acordo com a professora, o 'pretenso' objetivo de também unificar a escrita dos oito países tampouco foi atingido. Entre outras coisas, as palavras com letras mudas (como 'fato' no Brasil e 'facto' em Portugal, por exemplo), segundo Darcília, continuarão sendo escritas de forma diferente nos dois países.
 
Fonte: Agência Brasil (2-09-2013)
 
 
O MEU COMENTÁRIO:
1. CONCORDO que o objetivo de unificar as escritas dos dois lados do Atlântico é utópico, embora tenha sido conseguida uma aproximação.
2. CONCORDO que há regras no Novo Acordo que são mesmo um atraso de vida!
3. Mas NÃO CONCORDO QUE:
a) As mudanças nas regras do hífen sejam um atraso de vida. Se alguma coisa positiva esta reforma tem é a clarificação e a sistematização das regras do hífen. Eram várias as situações com prefixos em que o uso ou não de hífen dependia da opinião dos linguistas consultados. Por exemplo, ninguém sabia dizer com segurança em que circunstâncias é que prefixos como MINI eram ou não seguidos de hífen. Aconselho a professora Darcília a revisitar as regras do uso do hífen no Formulário Ortográfico de 1943 (Brasil) e no Acordo Ortográfico de 1945 (Portugal). Rapidamente se dará conta das omissões (agora resolvidas de forma satisfatória pelo AO90);
b) "'Hoje em dia, ninguém mais sabe usar hífen". Como diz uma linguista brasileira, o hífen sempre foi “a maldição da língua portuguesa”. No entanto, isso advém da complexidade das regras (ou ausência delas) já em vigor antes do AO90. Quem não sabe usar o hífen hoje é porque já não dominava o assunto antes;
c) "pior ficou para quem dá aula de língua portuguesa'." Não é verdade! A sistematização e maior abrangência das regras atuais facilitam o trabalho no ensino da língua. Como docente de língua portuguesa, sempre investi em estratégias de ensino-aprendizagem da ortografia. Na minha opinião, a hifenização ficou um pouco menos complicada. Dizer o contrário poderá ser "popular", mas não é rigoroso!
ANTÓNIO PEREIRA