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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

.Sobre a prorrogação do AO no Brasil - Luíz C. Amorim (escritor)

Fonte da imagem: AQUI.
Quando vi a notícia de que a Presidente Dilma assinou o decreto 7875, de 27.12.12, alterando o decreto 6583, de 29.9.208, prorrogando para 2015 a obrigatoriedade da aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no Brasil, pensei que fosse mais uma arbitrariedade daquela senhora, como fez quando decretou que se escrevesse “presidenta”, quando nos referíssemos a ela, modificando toda uma gama de palavras que tomariam, muitas delas, uma forma ridícula.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

.Afinal, quem está a aplicar o Novo Acordo em Portugal?


Tinha a ideia de vos apresentar a lista dos meios de comunicação portugueses que têm vindo a adotar a escrita segundo o Novo Acordo e daqueles que continuam a aplicar as regras de 1945. Por isso, foi com muita satisfação que verifiquei hoje que o Ciberdúvidas acabou de publicar esses dados. Em relação ao Brasil, tenho a ideia de que a generalidade dos media aderiu às novas regras. Logo que tenha dados fiáveis, partilhá-los-ei aqui.

"Em Portugal, até à presente data – ou seja, a pouco mais de meio do período de adaptação das novas regras  – é a seguinte a lista da aplicação, ou não, nos 10 periódicos com maior circulação:

AO/NÃO
 publicação
 circulação
AO
 15,3
AO
 12,7
AO
 10,8
AO
 10,3
AO
 Expresso   
 7,5
AO
 7,1
AO
 6,4
NÃO
 5,2
AO
 4,9
NÃO
4

[Dados relativos à circulação retirados de Bareme Imprensa Marktest de meados de 2012.]
Ao conjunto dos media portugueses que adotaram já o Acordo Ortográfico, juntam-se a SIC, RTP, TVI e demais canais por cabo – a exceção é o Porto Canal –, além dos seguintes periódicos, numa lista necessariamente incompleta: Açoriano Oriental, Algarve Press, As Beiras, AutoSport, Barlavento, Blitz, Destak, ExameMundo Português, Caras, Lux, Nova Gente, Diário do Alentejo, Diário do Minho, Futebolista, Metro, Mística, Jornal de Letras, Ler, O Primeiro de Janeiro, OJE, por exemplo.
Além da grande maioria da  imprensa portuguesa, do aparelho de Estado, das principais instituições públicas e das instituições do ensino básico e secundário, adotaram já, também, o Acordo Ortográfico as principais plataformas de informática e aplicações mais usadas, como as da Microsoft, e os portais mais consultados em Portugal, como o Sapo, a Wikipédia e Google."

Data: 20/01/2013                                                                        Fonte:

Abraço e boa semana!
AP

domingo, 20 de janeiro de 2013

."A falsa unidade ortográfica" - Regina Rocha


Nota prévia: Já disse aqui, mais do que uma vez, que sou um divulgador crítico do Novo Acordo Ortográfico. Uma das vantagens que lhe reconheço é uma efetiva  simplificação das regras, sobretudo na hifenização. Ainda assim, essa vantagem fica “manchada” por duas constatações:
a) As exceções consagradas eram dispensáveis (como compreender que se tenha suprimido o acento desambiguador na forma verbal para, mantendo-o, por exemplo, no infinitivo pôr?);
b) O Vocabulário do Portal da Língua Portuguesa (VOP) e o Vocabulário da Academia Brasileira de Letras (VOLP) não coincidem na leitura do texto do Acordo. O VOLP aplica as regras “à risca”, enquanto o VOP adota uma perspetiva “criativa”/complicativa. Exemplos: à-vontade e à vontade (cá) vs. à vontade (lá); cor-de-rosa e cor de rosa (cá) vs. cor de rosa (lá).
Face ao nó górdio em que o AO se transformou, acho que deve haver ajustamentos/reformulações, mas não sou defensor da sua suspensão ou revogação. No entanto, por uma questão de princípio, e concordando que o objetivo de unificar as normas  euro-afro-asiático-oceânica e brasileira é utópico, não poderia deixar de divulgar aqui o texto de Maria Regina Rocha “A falsa unidade ortográfica”, publicado no jornal Público de ontem.
 
A falsa unidade ortográfica
O Acordo Ortográfico está em causa. Instituições e publicações há que o aplicam; outras, que o rejeitam. O grande público contesta-o, e a esmagadora maioria dos cidadãos não consegue compreender o que se está a tentar fazer à Língua Portuguesa.

sábado, 19 de janeiro de 2013

.Correio Braziliense: Novo Acordo só em 2016

Fonte da imagem: AQUI.

Os estudantes brasileiros terão mais três anos de adaptação às normas do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990 com outras nações da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), e em vigor desde 2009. Decreto publicado ontem pela presidente Dilma Rousseff no Diário Oficial da União altera o prazo de entrada em vigor das novas regras de 1º de janeiro de 2013 para 1º de janeiro de 2016.
Durante a transição, vale tanto a norma ortográfica estabelecida pelo acordo quanto a anterior a ele. A decisão do governo segue o que foi sugerido pela Comissão de Educação e Cultura (CEC) do Senado de estender o prazo para a entrada em vigor do acordo. Um dos motivos levantados pelos senadores é de que deve haver mais tempo para debater as regras.
- Queremos que todas as dúvidas sejam tiradas nesse tempo e que os professores participem, aprendam, mas se forem necessárias mudanças, por que não fazê-las? Precisaremos usar de negociação política e entendimento - disse a senadora Ana Amélia.
O período de existência das duas normas ortográficas interfere na vida de concurseiros e de estudantes que prestarão o vestibular. No Distrito Federal, por exemplo, a seleção da Universidade de Brasília (UnB) e o concurso da Polícia Militar do Distrito Federal usariam somente as novas normas, entretanto, com a publicação do decreto, elas seguirão o padrão estabelecido atualmente.
Cada país signatário tem autonomia para definir a data da ratificação, entrada em vigor e aplicação das normas. Portugal ratificou e promulgou o acordo em 2008 e as regras começaram a valer em maio de 2009, mas a obrigatoriedade está prevista apenas para 2016. O Brasil promulgou o acordo em setembro de 2009 e as regras já são usadas por jornais, editoras e em documentos oficiais, mas sem caráter obrigatório. Cabo Verde ratificou o acordo em 2006, São Tomé e Príncipe em 2006, Guiné-Bissau em 2009 e Timor Leste em 2009. Moçambique e Angola ainda não o fizeram.

Data: 29/12/2013                                                                        Fonte:

Comentários:
1. Relativamente à ratificação do Novo Acordo, diz-se que “Moçambique e Angola ainda não o fizeram”, o que não é exato, uma vez que Moçambique procedeu a essa ratificação em 8 de junho de 2012.
2. “Portugal ratificou e promulgou o acordo em 2008 e as regras começaram a valer em maio de 2009, mas a obrigatoriedade está prevista apenas para 2016.” Também não é assim. Para já, a data prevista para o fim do período de transição em Portugal é maio de 2015.

Abraço e bom fim de semana!
AP

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

.ABL propõe mudanças no Novo Acordo

Academia Brasileira de Letras propõe mudanças no Acordo Ortográfico

As alterações propostas pela ABL, divulgadas pela Agência Brasil, incluem mudanças na regra do hífen.

A Academia Brasileira de Letras (ABL) já tem propostas de mudanças no Novo Acordo Ortográfico, mesmo antes de ele estar completamente implantado nos países de língua portuguesa, informou hoje a Agência Brasil.
O académico Evanildo Bechara afirmou que as alterações são, no entanto, “pequenas” face à abrangência do acordo.
As alterações propostas pela ABL, divulgadas pela Agência Brasil, incluem mudanças na regra do hífen, como a sua manutenção em palavras compostas, cujo primeiro termo termine em vogal e o segundo comece em ‘erre’ ou ‘esse’ nos casos em que o segundo termo seja nome próprio (anti-Saddam, por exemplo). Esta regra é a que vigorava em Portugal anteriormente ao Acordo Ortográfico de 1990.
Outra proposta da academia é incluir no acordo a regra dos porquês, para uniformizá-la. No Brasil, escreve-se “porque” quando o termo é uma conjunção de causa ou explicação, e “por que”, separado, nas perguntas. Em Portugal, o termo pode ser grafado junto nas perguntas.
“Isso viria muito a facilitar a vida de todo mundo. Vamos discutir esse caso, para ver, porque o acordo não é apenas a unificação [da ortografia], mas também a simplificação”, afirmou Bechara, que realçou que a mudança ainda está a ser discutida.
O académico defendeu também a eliminação das excepções às regras. Segundo ele, essas mudanças só devem ser discutidas entre os países quando o Novo Acordo estiver completamente em vigor.

Data: 22/12/2013                                                                                Fonte:
http://www.publico.pt/cultura/noticia/academia-brasileira-de-letras-propoe-mudancas-no-acordo-ortografico-1578378

Comentários:
1. "como a sua manutenção (do hífen) em palavras compostas, cujo primeiro termo termine em vogal e o segundo comece em ‘erre’ ou ‘esse’ nos casos em que o segundo termo seja nome próprio (anti-Saddam, por exemplo)". Muito estranha esta proposta, uma vez que uma das regras, que está nos critérios de aplicação do AO, diz isto: O hífen é usado (...) quando (…) a palavra a que se juntam é um estrangeirismo, um nome próprio ou uma sigla: anti-apartheid, anti-Europa, mini-GPS.” Ou seja, a suposta proposta da ABL já está em vigor.
2. O parágrafo onde é referida "a regra dos porquês" está confuso. Deveria  dizer-se "a regra do uso de porque e por que". Se quiser ver a mensagem deste blogue que trata o assunto, clique AQUI.
3. Concordo que é urgente eliminar as exceções, sobretudo as da hifenização das locuções e dos acentos desambiguadores.
 
Abraço.
AP

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

.AO: Um retrocesso lamentável! - Arnaldo Niskier

Fonte: AQUI.
 

A decisão de o Governo brasileiro prolongar o período de adaptação do Acordo Ortográfico, adiando a vigência plena no Brasil, é criticada neste artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, da autoria de Arnaldo Niskier, pedagogo e membro da Academia Brasileira de Letras, sob o título original “Somos um país sério?”

A história do marechal Charles De Gaulle tornou-se clássica. Num dado momento, lançou a dúvida: «O Brasil é um país sério?». Muitos de nós ficamos chocados. Isso feriu o orgulho nacional.
Agora, a frase voltou à tona, a propósito da decisão do governo de adiar para 2016 a entrada em vigor do decreto assinado em agosto de 2008, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a propósito do Acordo Ortográfico de Unificação da Língua Portuguesa. Mais três anos, para nada.
Houve uma adesão quase unânime do lado brasileiro.
Os nossos irmãos portugueses e algumas nações luso-africanas, como Angola e Moçambique, por interesses variados, resistiram à adoção, que tem por finalidade essencial a simplificação da escrita do nosso idioma. Nada mais do que isso. E com um claro objetivo estratégico: postular assim a oficialização do português como língua de trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU), o que eleva o nosso status internacional.
Também aqui há os recalcitrantes, que só agora se manifestam. Silenciaram em 1990, quando o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado, e em 2008, quando se estabeleceu o prazo fatal para a unificação pretendida.
Somos obrigados a ler até alguns absurdos, como o comentário de que isso se fez de forma burocrática, sem audiências públicas, ou por «reformadores de plantão». Aqui, uma clara agressão à memória de um dos grandes brasileiros que se debruçaram sobre o assunto, como é o caso do acadêmico Antonio Houaiss.
Antes de ser cassado, por motivos políticos, dedicou parte ponderável da sua vida, como filólogo consagrado, à discussão interna e externa dessa problemática. Só colheu aplausos.
O Brasil aderiu com entusiasmo ao Acordo. Livros, jornais e revistas passaram a ser escritos com as novas normas. Centenas de concursos públicos, como é o caso do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem (4 milhões de jovens), foram realizados com essa marca, aparentemente irreversível.
São quase 200 milhões de brasileiros que hoje escrevem de forma simplificada. Mudar esse quadro não foi desrespeitoso?
Numa prova eloquente da sua modernidade, o nosso país aceitou as recomendações da Academia Brasileira de Letras (ABL), no que tange às suas 200 mil escolas. Mesmo as do interior, como se atesta na Olimpíada de Língua Portuguesa, deixaram para trás os tempos de voo e enjoo com acento circunflexo.
De mais a mais, o que muitos desconhecem, há um decreto presidencial em pleno vigor, datado de 1972, que dá à Academia Brasileira de Letras as prerrogativas de ser a última palavra em matéria de grafia. Os mal informados ou mesmo os ignorantes desconhecem isso e aí só nos resta lamentar esse retrocesso.

* artigo publicado no jornal Folha de São Paulo. O título é da responsabilidade do Ciberdúvidas. (15/01/2013)
** Sobre o Autor:
doutor em educação, membro da Academia Brasileira de Letras e presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE-RJ). É autor do livro Memórias de um Sobrevivente (Nova Fronteira, Rio de Janeiro).
In http://www.ciberduvidas.com/controversias.php?rid=2650 (acedido em 16/01/2013)
 
Abraço.
AP

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

.“Pútrido Acordo Ortográfico” – diz Luiz Carlos Prates

Em Portugal, muitos dos que são contra o Novo Acordo entendem que há uma submissão aos interesses do Brasil, o que é inaceitável, pois fomos nós, os colonizadores, a levar a língua portuguesa para o Brasil…
Vendo este vídeo, conclui-se que há quem pense, no Brasil, que foi Portugal a conduzir o processo e o Brasil a submeter-se, o que é imperdoável, pois o Brasil é maior e mais rico…
Estes são, cá como lá, os piores argumentos para discutir seja o que for!



Cá como lá, há que ser honesto nos argumentos. Diz-se no vídeo que, em Portugal, “em nenhum momento mudaram a grafia, o modo de escrever habitual”, ao contrário do que aconteceu no Brasil. Não é verdade!
Vamos pôr pontos nos is, para que Luiz Carlos Prates não fale, de forma tão taxativa e desabrida, daquilo que não conhece.
Em Portugal, embora contestado por muitos, o AO:
a) Entrou em vigor, em setembro de 2011, no sistema educativo, estando em todos os novos manuais escolares;
b) Foi introduzido, em janeiro de 2012, na administração pública e nos órgãos oficiais do estado;
c) É seguido em todos os canais da televisão portuguesa e numa boa parte dos jornais e revistas.
 
Aquele abraço!
AP

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

.Normas de 1943(Br)/1945(Port) de mãos dadas com o AO até 2015

      Adiamento da vigência do acordo ortográfico teve apoio de senadores
Os brasileiros terão mais três anos para adaptar-se às novas normas da língua portuguesa. O adiamento, estabelecido por meio do Decreto 7875/2012, assinado pela presidente Dilma Rousseff e publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (28), contou com o apoio e o estímulo de senadores da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
A implantação definitiva do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, firmado em 1990 por todos os países de expressão portuguesa, deveria ocorrer no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2013, segundo decreto presidencial de 2008.
O novo decreto publicado nesta sexta-feira ampliou o período de transição até 31 de dezembro de 2015. Até lá, coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida por meio do acordo.
No final de novembro, os senadores Cyro Miranda (PSDB-GO) e Lídice da Mata (PSB-BA) levaram à ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, sua preocupação com o curto período até então existente para a implantação definitiva das novas normas ortográficas. Durante o encontro, a ministra disse não se opor à ampliação do período de transição estabelecido no acordo firmado pelos países de língua portuguesa.
Três meses antes, a senadora Ana Amélia (PP-RS) e o senador Cyro Miranda haviam apresentado um projeto de decreto legislativo (PDS 498/2012) destinado a ampliar o período de transição para seis anos – três a mais, portanto, do que o estabelecido por meio do novo decreto presidencial.
A partir da adoção definitiva pelo Brasil das normas estabelecidas pelo acordo, os concursos públicos e as provas escolares deverão cobrar o uso correto da nova ortografia. Documentos e publicações deverão também circular perfeitamente adaptados às novas regras.
A adequação dos livros didáticos começou em 2009, quando o acordo entrou em vigor e começou o período de transição. Na opinião da senadora Ana Amélia, no entanto, o prazo de adaptação foi curto.
“O assunto demanda maior tempo de maturação, bem como integração mais ampla com os demais países envolvidos”, diz a senadora na justificação da proposta.
A assessoria da senadora Ana Amélia (PP-RS) divulgou que, para ela, a prorrogação do prazo permite esclarecer as dúvidas sobre as novas regras, além de ampliar o debate e aprofundar o entendimento entre especialistas, educadores e estudantes. A senadora participou da definição do novo prazo, integrando o grupo interministerial formado por representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, da Educação e da Casa Civil.
De acordo com a parlamentar, ainda são inúmeras as dúvidas entre educadores e alunos.
- Com mais três anos de prazo, será possível ampliar o entendimento sobre os ajustes na língua portuguesa e implementar mudanças, se estas forem necessárias – afirmou.
A senadora alertou para a falta de participação de docentes na discussão. Ela também lembrou ter sido a autora, juntamente com o senador Cyro Miranda, de projeto de decreto legislativo que propôs o adiamento do início da reforma ortográfica em seis anos, o dobro do prazo previsto no decreto.
- Mas a importância do tema, especialmente por se tratar de um acordo internacional, exigiu um decreto presidencial - disse Ana Amélia.
A senadora ressaltou que todos os signatários do acordo adotaram períodos de transição mais longos. Em Portugal, por exemplo, o período de convivência entre as duas normas vai até 2015. Em Cabo Verde, o prazo só acabará em 2019.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Data: 28/12/2012                                                                                                                             Fonte:
Comentário:
Vários amigos que me contactam dizem-me sempre que o Brasil suspendeu o Novo Acordo. Não é exata a conclusão. Como se diz no texto, o Brasil "ampliou o período de transição até 31 de dezembro de 2015". Como o período de transição previsto para Portugal termina em maio de 2015, esperemos as autoridades linguísticas de todos os países lusófonos aproveitem estes três anos para afinarem agulhas e conseguirem uma efetiva simplificação das regras sem exceções absurdas, como manter o acento desambiguador em pôr (verbo), mas retirando-o de para (verbo).  Quando à unificação, é uma causa perdida, dada a complexidade/diversidade daquilo que se pretende "formatar". Se conseguirmos uma aproximação, já não será mau!
 
Abraço.
AP

.AO: prós, contras ou assim-assim...

Fonte da imagem: AQUI.

Prós, contras ou assim-assim *

«Não vai mudar a fundo as coisas. As implicações que isso tem do ponto de vista económico sempre sobram para os países mais pobres.»
Mia Couto, escritor moçambicano
 
«Para um país como Angola é muito importante aplicar o acordo, porque este vai fazer aumentar a circulação do livro e facilitar a aprendizagem e a alfabetização, que é, neste momento, a coisa mais premente para Angola e Moçambique.»
José Eduardo Agualusa, escritor angolano
 
«O Acordo abre a porta ao Brasil nos países africanos, onde até agora não conseguiram entrar (…). Isto serve para beneficiar a indústria editorial brasileira. Como eles já têm tudo adaptado ao acordo, assim que entrar em vigor avançam imediatamente.»
Vasco Graça Moura, escritor português
 
«A gente quer marchar com Portugal. Avançar sem ele não faria sentido. O acordo, que é para unificar, já nasceria desunido, se o acto de adopção fosse isolado.»
Godofredo Oliveira Neto, escritor brasileiro
 
«Os brasileiros têm um problema, nós não. Isto é um favor que a diplomacia portuguesa está a fazer à brasileira, e é triste que a língua sirva de moeda de troca.»
Vasco Teixeira, editor português


«A indefinição de Portugal está a emperrar o processo. Não se percebe e não quero admitir que os adiamentos sejam motivados pelos receios de 'brasileirização' da língua.»
Emerson Inácio, professor brasileiro
«É verdade que os brasileiros se prepararam. Nós não tivemos nenhuma política de defesa da língua, não tivemos uma política de expansão da língua no estrangeiro, não fizemos o trabalho de casa. Não vale a pena ser conservador quando não há nada a conservar.»
Francisco José Viegas, escritor português
 
«Não trará nenhum ganho claro e lógico.»
Maria Helena Novaes Rodriguez, professora brasileira
«Eu creio que há aqui um medo estúpido de que o Brasil, através da ortografia, reconquiste os países africanos de língua portuguesa e os leve para o seu lado.»
João Malaca Casteleiro, linguista português
 
«A mudança deve começar na sala de aula e quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará.»
Lauro Moreira, representante brasileiro em Lisboa na CPLP
 
«Como se uns anos a mais ou a menos na conclusão de um texto [Acordo Ortográfico] trouxessem algum mal ao mundo, que viveu sem ele até agora.»
Francisco Seixas da Costa, embaixador português no Brasil
 
«Não faz sentido que nos eventos internacionais, seja preciso redigir dois documentos (...) com a grafia de Portugal e a do Brasil.»
Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras
 
«Seria muito importante, do ponto de vista editorial, que Brasil e Portugal estivessem juntos quando se formalizar a adopção do Acordo Ortográfico.»
Celso Amorim, ministro brasileiro das Relações Exteriores
 
«Se isso acontecer [a aceleração do processo de ratificação pelos outros países], Portugal reverá a sua posição e procurará ser mais célere.»
Isabel Pires de Lima, ministra portuguesa da Cultura


*transcrições na revista "África 21" de Dezembro de 2007 :: 06/01/2008
Fonte: http://ciberduvidas.com/controversias.php?rid=1572


Comentário:
Cinco anos passados, a polémica continua...

Abraço.
AP

sábado, 12 de janeiro de 2013

.Cuidado com este email "generoso"!

Fonte da imagem: AQUI.
 
Recebi no email este anúncio de recrutamento de docentes para Moçambique e Timor:
Recrutamos professores lusófonos para o ano lectivo de 2013/14 em regime temporário e com permanência de pelo menos 6 meses. As candidaturas podem ser feitas aqui, sendo que os profissionais serão requisitados para ensino superior, em cursos de bacharelato e licenciatura. Podem igualmente candidatar-se docentes Doutorados ou com Mestrado e que tenham, preferencialmente, dois anos de experiência docente comprovada na área em que se candidatam. Os professores receberão uma mensalidade de 4500€.
Será paga também a passagem aérea, em classe económica, de ida e volta do Porto / lisboa para Luanda / Maputo / Dilí, assim como o regresso.
Iniciar Processo de candidaturas através do endereço: world_recruitment@teachers.org
Mónica Azevedo
Coordenadora Equipa Comunitária  
Programa K'CIDAD Rua Luís Piçarra, nº 6A
1750-101 Lisboa
 
Como quando a esmola é muita, o pobre desconfia, fiz algumas pesquisas com os dados do anúncio e cheguei ao blogue http://www.desempregados.net, que transcreve uma mensagem de Mónica Azevedo (a suposta coordenadora referida no anúncio):
Bom dia
Eu apenas reencaminhei esse mail. Não tenho nenhuma responsabilidade ou envolvimento nesse processo, assim como também não o tem a Fundação Aga Khan. Há 2 semanas que recebo dezenas de mails e telefonemas todos os dias por causa deste mail que me parece que deve ser algum tipo de fraude. Peço o favor de reenviarem esta msg a quem vos mandou o mail ou para os sites onde o encontraram para ver se termina. Obrigada

É melhor ser prudente antes de enviar o currículo com as vossas informações pessoais. Em tempo de crise, há sempre gente à espreita para aproveitar o desespero e as fragilidades de quem está a viver situações financeiras muito complicadas.

Abraço e bom fim de semana!
AP


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

.rabo-de-cavalo ou rabo de cavalo?

 rabo-de-cavalo 1                             rabo-de-cavalo 2
 
A questão de hoje é suscitada pela pergunta que um leitor do blogue me fez chegar.
Pergunta:
Podia tirar-me esta dúvida: pelo novo acordo, devo escrever «rabo de cavalo» ou «rabo-de-cavalo»? O Dicionário da Porto Editora opta pela primeira forma, mas o Dicionário Priberam e o VOP do Portal da Língua Portuguesa registam a segunda. Acho sobretudo estranho a posição do Portal, normalmente em acordo com a Porto Editora. Que lhe parece? São as duas legítimas?

Resposta:
Efetivamente, há discrepâncias incompreensíveis entre as fontes referidas.
A. Se estivermos a referir-nos ao penteado, os hífenes desaparecem e devemos escrever rabo de cavalo, de acordo com a Base XV, ponto 6, do Novo Acordo: “Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa).
Embora haja alguns pontos nebulosos na aplicação desta regra, tanto o Ciberdúvidas como a Dra. Margarita Correia, do ILTEC, estão de acordo: ponto de parte as exceções, “não se usa hífen nas palavras compostas que contêm um elemento de ligação, ou seja, constituídas por nome + preposição + nome” (in Ciberdúvidas, 22/10/2012).
O VOLP da Academia Brasileira de Letras aplica a regra à risca: rabo de cavalo s. m. penteado.
B. No entanto, à semelhança do que acontece com bicos de papagaio, em que o nome da doença perde os hífenes, mas a designação da planta ornamental bico-de-papagaio os conserva por ser uma espécie botânica, temos rabo-de-cavalo como nome de uma espécie de palmeira e como designação de uma planta dos pântanos (a cavalinha).
CONCLUSÕES:
Portugal (norma luso-afro-asiática) e Brasil (norma brasileira)
 
Duas grafias são possíveis, em função do referente:
                    1. rabo de cavalo (penteado)
                    2. rabo-de-cavalo (designação de espécies botânicas)


Abraço!
AP
Nota: Para ter acesso às fontes das imagens, basta clicar nas legendas.